segunda-feira, 29 de julho de 2013

Embrapa desenvolverá pesquisas para controle da Helicoverpa armigera em Mato Grosso



A ameaça provocada pela lagarta Helicovespa armigera às lavouras mato-grossenses tem preocupado os produtores do estado. Para reduzir os riscos de perdas causadas pela praga, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está iniciando trabalhos de pesquisa e de transferência de tecnologia sobre o problema.

As ações fazem parte da distribuição de tarefas entre as instituições componentes do Grupo Helicoverpa Mato Grosso. O grupo de trabalho foi criado pela Aprosoja e reúne instituições de pesquisa e entidades de classe de todo o estado.

Neste primeiro momento a Embrapa se propôs a desenvolver duas pesquisas. Em uma delas será avaliado o efeito do sistema produtivo sobre a dinâmica da lagarta.

“Será que soja sobre milho, por exemplo, dá maiores condições para a proliferação da praga? E soja sobre braquiária? Queremos saber como o sistema produtivo influencia na propagação da praga”, explica o pesquisador da área de Entomologia da Embrapa Agrossilvipastoril, Rafael Pitta.

Em outra pesquisa será avaliada a suscetibilidade da Helicoverpa armigera a diferentes inseticidas químicos e biológicos. Segundo Pitta, serão testadas doses a fim de determinar uma dose diagnóstica em populações de laboratório suscetíveis. Posteriormente, esta dose será utilizada em populações de campo para aferir a porcentagem de mortalidade quando comparado à população de laboratório.

“Se morrerem menos de 95%, saberemos que um percentual maior apresenta algum grau de resistência. Esta ferramenta é importante para o produtor pensar na aquisição de produtos. Se a população está com razão de resistência a uma molécula, ele deverá evitá-la. É importante saber para que ele faça a rotação de produtos e evite a seleção de organismos resistentes”, explica o entomologista da Embrapa.

Atualmente as pesquisas estão em fase de planejamento. Os projetos estão sendo elaborados e até o fim de agosto serão submetidos à aprovação de um comitê técnico da Aprosoja.

Paralelamente à realização das pesquisas, a Embrapa também apoiará o desenvolvimento de ações de transferência de tecnologia em Mato Grosso, de modo a formar multiplicadores de conteúdo. Assim, será possível levar até os produtores informações atualizadas sobre o manejo da praga. 

A lagarta

Lagartas do gênero Helicoverpa estão presentes nas lavouras de todo o mundo. Um exemplo é a Helicoverpa zea, que ataca as espigas de milho nas plantações brasileiras. A espécie Helicoverpa armigera, entretanto, foi identificada pela primeira vez no Brasil em dezembro do ano passado. Atualmente ela já se encontra disseminada em boa parte do território nacional, inclusive em Mato Grosso, onde ainda não causou grandes prejuízos.
Pesquisas com o DNA da praga buscam identificar a forma de entrada da espécie no país, mas sabe-se que suas mariposas têm capacidade de voos a distâncias superiores a 1.000 km.

Uma das preocupações com a Helicoverpa armigera é o fato dela atacar várias espécies de interesse econômico, como soja, algodão, feijão, milho e tomate. Além disso, tem alta capacidade de dispersão dos indivíduos voadores (mariposas); elevada capacidade de reprodução e sobrevivência; potencial de desenvolvimento de resistência a inseticidas; e alta capacidade de adaptação a diferentes ambientes, climas e sistemas de cultivo.

Entretanto, algumas medidas de controle já podem ser tomadas pelos produtores. A principal delas é fazer o monitoramento para avaliar a real necessidade de pulverizar. De acordo com o pesquisador Rafael Pitta é preciso ir ao campo, contabilizar o número de lagartas e saber identificar as espécies para evitar uso inadequado de produtos. Este monitoramento deve ser feito com pano de batida, podendo ser complementado utilizando armadilha luminosa e feromônio sexual.

“A armadilha luminosa vai atrair uma gama de espécies, entre ela a Helicoverpa armigera. Já o feromônio sexual é especifico e só virá a Helicoverpa, o que ajuda na em sua identificação. Somente em função deste monitoramento é que o produtor fará a pulverização. Reduzindo o numero de pulverizações, ele dá chance para a sobrevivência dos inimigos naturais que são importantes no controle natural da praga”, explica o pesquisador.