César Coll: entender o contexto é
uma das chaves para a aprendizagem
Na década de
1990, o espanhol César Coll, professor de Psicologia Evolutiva na
Faculdade de Psicologia da Universidade de Barcelona e coordenador da reforma
educacional espanhola, foi um dos principais consultores do Ministério da
Educação (MEC), aqui no Brasil, na elaboração dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs). Estes documentos, elaborados de acordo com a disciplina e com
o segmento de ensino, oferecem diretrizes para a elaboração dos currículos
escolares.
Um dos motivos pelos quais os PCNs não são um
currículo “fechado”, mas apenas uma matriz de referência, deve-se à linha de
pensamento de Coll e à teoria da Aprendizagem Significativa, criada pelo
pensador americano David Ausubel (1918 – 2008). Para Ausubel, aprender
significativamente é ampliar o repertório, isto é, dar um novo significado a
ideias já existentes em nossa mente, com base em novas informações que
recebemos. É como se criássemos novos links mentais, com base no conhecimento
que já temos.
Cool segue nesta linha de pensamento. Para o
espanhol, não importa o que o professor ensina, mas o que o aluno absorve na
aprendizagem. E, para que o estudante aprenda, alguns aspectos devem ser
levados em conta – como o ambiente em que ele está inserido e os conhecimentos
prévios que já tem.
Howard Gardner, o pai da Teoria
das Inteligências Múltiplas
Tentar diferenciar as pessoas e taxá-las de acordo
com os níveis de inteligência não é uma ideia recente. Nos anos 400, os
orientais inventaram testes que se propunham a medir a inteligência dos
indivíduos para separá-los em castas. Mas foi apenas no início do século XX que
essa ideia de “diagnosticar inteligências para melhorar o ensino” foi sendo
incorporada, principalmente pelo trabalho do psicólogo francês Alfred Binet,
que aprimorou os testes orientais e criou os famosos testes de QI (Quociente
de Inteligência), que tinham como objetivo inicial identificar os alunos que
precisavam de reforços extras nos estudos.
Durante décadas, compreendeu-se que a inteligência
humana poderia ser medida de acordo com os resultados deste tipo de teste, mas
hoje se sabe que os exames de QI avaliam, basicamente, nossa capacidade de
raciocínio lógico. Além disso, nas últimas três décadas, a ideia de
inteligência única começou a mudar graças aos conceitos desenvolvidos pelo
psicólogo e professor norte-americano Howard Gardner, que lançou a Teoria
das Inteligências Múltiplas na obra Frames of Mind, de 1983.
Gardner é autor de cerca de 20 livros sobre a
teoria de que o ser humano possui mais de um tipo de inteligência e que,
portanto, os processos de aprendizagem também devem ser individualizados. Suas
ideias causaram grande impacto nos anos 1980, justamente por apresentar um
caminho contrário ao do padrão de avaliação de inteligência mais aceito até
então, o QI. “Poucos gênios são gênios em tudo. Einstein era um gênio
matemático, Shakespeare era um gênio linguístico. Nós temos todos os
potenciais, mas alguns são mais desenvolvidos”, exemplifica Celso Antunes,
geógrafo, especialista em inteligência e cognição.
Fonte: www.institutoclaro.org.br