domingo, 5 de fevereiro de 2012

ECOLOGIA HUMANA




Ecologia Humana


“A Terra tem o suficiente para a necessidade de todos, mas não para a ganância de uns poucos” - Mahatma Ghandi


O atual estilo de vida humano está pondo em risco o futuro tanto das presentes gerações quanto das que nem nasceram ainda, mas que já dependem de nossas decisões. A pegada ecológica* de nossa espécie está consumindo em torno de 20% a mais do que o Planeta consegue repor, segundo estudo realizado por 1.300 cientistas de 95 países. E como as relações entre as pessoas, as organizações e as nações não são iguais, uns conseguem explorar mais que outros. Segundo o Relatório Planeta Vivo – WWF, os povos da África e Ásia, por exemplo, usam em torno de 1,4 hectares por pessoa, os brasileiros usam em média 2,3 hectares, enquanto os povos da Europa Ocidental usam cerca de 5 hectares por pessoa. Nos EUA, cada norte-americano consome o equivalente a 9,6 hectares de recursos do Planeta. Com menos de 5% da população mundial, os Estados Unidos consomem 26% do petróleo, 25% do carvão mineral e 27% do gás natural mundial.

* A Pegada Ecológica constitui uma forma de medir o impacto humano na Terra. Este conceito, desenvolvido por Mathis Wackernagel e William Rees, autores do livro “Our Ecological Footprint - Reducing Human Impact on the Earth” (1996), exprime a área produtiva equivalente de terra e mar necessária para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resíduos gerados por uma dada unidade de população. Pode ser calculada para um indivíduo, uma comunidade, um país, ou mesmo para a população mundial. Dito de outra forma, a Pegada Ecológica avalia a extensão com que uma dada população se apropria do espaço biologicamente produtivo. Uma vez que as pessoas usam recursos de todas as partes do mundo, e afetam locais cada vez mais distantes com os seus resíduos, esse espaço é, geralmente, o somatório de uma série de pequenas áreas distribuídas por todo o planeta que, na sua totalidade, tem vindo a aumentar. Por exemplo, a Pegada Ecológica da população mundial cresceu 50%, entre 1970 e 1997. Para calcular a Pegada Ecológica é necessário estimar o consumo de bens e serviços e a produção de resíduos da unidade de população em estudo. Esses bens e serviços incluem várias categorias, como os alimentos, o vestuário, o transporte, a energia, o lazer, a habitação, os produtos com origem na madeira (lenha, papel, mobiliário...), etc. Posteriormente, estima-se a área necessária à produção de cada item, dividindo a média anual de consumo desse item, pela média da sua produtividade. Cada uma dessas áreas é considerada equivalente a um tipo de área biologicamente produtiva, e a sua soma constitui a Pegada Ecológica. As áreas biologicamente produtivas consideradas são as seguintes: área cultivada; área de pasto; área de floresta; área de recursos marinhos; área construída e área de floresta necessária para absorver as emissões de dióxido de carbono associadas ao consumo de combustíveis fósseis. De notar que, nos estudos até aqui realizados, ainda não foi possível entrar em consideração com variáveis importantes, como os consumos de água e a libertação de poluentes tóxicos, por insuficiência de dados, pelo que os valores das Pegadas Ecológicas apresentados têm sido subestimados. Relacionando a apropriação de espaço com a superfície biologicamente produtiva da Terra, a Pegada Ecológica clarifica os limites da expansão humana e dos seus níveis de consumo.
Mais pobreza = mais degradação ambiental = mais violência Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), nos países pobres do hemisfério sul, um bilhão de pessoas não dispõe de água potável, 1,3 milhão está exposto à fuligem e à fumaça. Quase um quarto da população mundial se alimenta a um custo de três dólares por dia e essa situação tem se agravado. Em 1982, havia trinta países pobres; no ano de 2000, esse número chegou a 47. A incapacidade do mundo de reduzir os níveis de pobreza está contribuindo para a instabilidade global, na forma de terrorismo, guerras, doenças contagiosas e degradação ambiental. Trata-se de um ciclo vicioso: a degradação ambiental exacerba a pobreza, contribuindo ainda mais para a instabilidade global. É quase impossível assegurar paz duradoura e estabilidade quando existem desigualdades imensas e os sistemas naturais que nos sustentam permanecem sob ameaça. Pouco se pode avançar em termos de conservação do meio ambiente e dos recursos naturais, se bilhões de pessoas não têm esperança ou chance de se importar com isso, pois necessitam buscar sua sobrevivência a qualquer custo, sendo esse custo geralmente ambiental. Segundo o Instituto Worldwatch, as doenças infecciosas – muitas delas relacionadas à qualidade da água – atualmente matam duas vezes mais do que câncer. A falta de água limpa ou saneamento mata 1,7 milhões de pessoas por ano, 90% das quais são crianças. Boa parte das guerras ou conflitos armados dos últimos anos é ligada ao controle de minorias econômicas ou étnicas sobre recursos naturais valiosos, sejam eles minérios, pedras preciosas, petróleo, água ou madeira, como foi o caso de Angola. Os gastos militares de 2001 foram estimados em 839 bilhões ou 2,3 bilhões por dia (segundo PNUD). Os Estados Unidos respondem por 36% deste total mundial. E ainda existem outros 40 milhões de refugiados ambientais no mundo, calculando-se apenas quem saiu do país de origem, sem considerar as migrações internas e os 12 milhões de refugiados políticos, oficialmente reconhecidos como tais. O modelo de globalização A atual realidade brasileira chama a atenção para a enorme concentração do excedente gerado pela atividade econômica nas mãos de poucos, em detrimento de amplas camadas da população. Pressionadas pela pobreza e a necessidade instintiva de sobrevivência, essas minorias econômicas atuam de forma predatória sobre o meio ambiente, ocasionando desmatamentos de ecossistemas para moradia, alimentação, ou mesmo produção de energia. Exemplares da fauna silvestre, por exemplo, tornam-se fonte de alimentação para os excluídos. Hoje, o modelo de globalização vigente no mundo é uma das principais causas da deterioração ambiental, pois hipoteca o caráter sustentável do Planeta. Os sistemas de livre mercado, que buscam o lucro a qualquer custo, permitem facilmente o desrespeito à natureza, cujos recursos são “gratuitos”. Os critérios que regem os sistemas de industrialização dos países desenvolvidos criaram as condições que afetam adversamente o ambiente. Desta forma, as causas da pobreza e da degradação ambiental nos países em desenvolvimento estão diretamente relacionadas com o modelo de desenvolvimento dos países industrializados, imposto aos países pobres, via FMI. Esse modelo causa danos ao meio ambiente por contribuir diretamente ao aquecimento global e a destruição da camada de ozônio e fomentar a desigualdade e a pobreza no mundo. O desequilíbrio afeta diretamente a competitividade no comércio internacional. Os países em desenvolvimento enfrentam, em média, duas vezes mais barreiras comerciais, para seus produtos, do que os países desenvolvidos. A par disso, graças a subsídios que somam US$ 300 bilhões anuais, os produtos agropecuários dos países desenvolvidos são vendidos a preços entre 20 e 50% abaixo do custo de produção, desestruturando os produtores dos países em desenvolvimento. Aumentam, assim, os índices de desemprego e, por conseguinte, a pobreza. Quando os países pobres reclamam na OMC (Organização Mundial do Comércio) dificilmente conseguem um resultado justo a seu favor. As diferenças também se manifestam na outra ponta do consumo, a dos resíduos. Um novo tipo de transferência de rejeitos começa a se revelar, com a descoberta de depósitos especializados em resíduos tóxicos da indústria informática, na China e na Índia. Os Estados Unidos exportam algo entre 50 e 80% do que produzem deste tipo de rejeito, apelidado de ex-lixo. É quase impossível preservar o meio ambiente se continuamos com um enorme desnível de renda, desnível alimentar, desnível de valores e desnível de educação. Não se conseguiu uma sensível diminuição em nenhum desses desníveis. Nem os esforços da ONU, nem os grandes investimentos de capital, sob a forma de ajuda externa por parte das nações ricas, surtiram efeito. Na verdade, os desníveis de renda e de valores pioraram durante as últimas décadas. Isso, porque a transferência de tecnologia industrial das nações ricas para as pobres, nas raras vezes que ocorre, acaba beneficiando um pequeno setor industrializado, e não as massas pobres. O desequilíbrio revela-se também em relação ao mercado de petróleo e derivados. Com menos de 5% da população mundial, os Estados Unidos consomem 26% do petróleo, 25% do carvão mineral e 27% do gás natural mundial. Os automóveis, que rodam nos Estados Unidos, representam um quarto da frota mundial e emitem mais carbono do que todas as fontes – indústria, transporte, agricultura, energia – do Japão, o quarto país na lista mundial de emissões de poluentes. As conseqüências destas emissões, porém, recaem sobre os países pobres, mais vulneráveis às mudanças climáticas. Dos 700 desastres naturais registrados em 2002, 593 foram relacionados a eventos climáticos. As tragédias humanas por trás das estatísticas nos lembram que o progresso social e ambiental não é um luxo a ser posto de lado quando o mundo tem que enfrentar problemas econômicos e políticos. As oscilações da economia mundial e o vasto esforço necessário para restaurar a paz no Oriente Médio podem desviar os recursos necessários para enfrentar as causas e conseqüências da pobreza. É relevante assinalar que, em situação de extrema pobreza, o indivíduo marginalizado da sociedade e da economia nacional não tem nenhum compromisso para evitar a degradação ambiental, uma vez que a sociedade não impede sua própria degradação como pessoa.

AQUECIMENTO GLOBAL - JÁ SE CONTAM OS MORTOS - A Organização das Nações Unidas estima que 150.000 pessoas morrem anualmente por causa de secas, inundações e outros fatores relacionados diretamente ao aquecimento global. Estima-se que em 2030, o número dobrará.
Desmatamento afeta saúde humana Para cientista da Fiocruz, construção de barragens e outras obras de infra-estrutura causam impacto sanitário, mas autoridades desconhecem o problema. A cada temporada seca na região central do País, entre abril e setembro, multiplicam-se os casos de hantavirose na capital federal brasileira. A doença pode ser fatal e é transmitida pela urina e fezes de ratos silvestres que cada vez mais são empurrados para perto das pessoas pelo avanço da agricultura e do desmatamento. Outras formas menos comuns de transmissão são a ingestão de alimentos ou de poeira contaminados. Casos também são registrados entre trabalhadores da cana-de-açúcar, no interior de São Paulo, e na indústria madeireira, no Paraná.
“As relações entre desflorestamento e proliferação de doenças são muito conhecidas desde o início do século passado, com a abertura da ferrovia Noroeste, em São Paulo. A derrubada facilitou o contato de pessoas com doenças que estavam abrigadas no interior das matas”, disse hoje o epidemiologista Ulisses Confalonieri, professor da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, o maior complexo de saúde da em evento promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a COP8 (8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica), em Pinhais (PR).
Para a OMS, que está encaminhando uma série de recomendações às Nações Unidas, a preservação de florestas, rios, charcos e outros ecossistemas é fundamental para a saúde humana, seja por ajudarem a evitar a proliferação de doenças quanto por serem indispensáveis para a manutenção da agricultura, por exemplo. Isso é especialmente preocupante para as camadas mais pobres da população, que costumam manter hortas para se alimentarem. “Em ambientes urbanos a dependência da natureza é menos aparente”, disse Carlos Corvalan, consultor da OMS.
Países tropicais e em desenvolvimento, incluindo o Brasil, foram apontados pela OMS como mais suscetíveis à incidência de doenças como malária, esquistossomose, dengue, leishmaniose, meningite e cólera. Além de ainda possuírem florestas que podem ser derrubadas, um possível aquecimento planetário elevaria as chances da proliferação de mosquitos, vírus e de parasitas. Conforme o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, a temperatura global pode subir em média 3ºC até 2100.
Desertificação afeta 1,2 bilhão de pessoas, diz ONU As graves conseqüências da desertificação causada pela ação humana colocam mais de 1,2 bilhão de pessoas em 100 países em risco, situação que fez com que a ONU soasse o alarme no Dia Mundial da Luta contra a Desertificação, comemorado no dia 17 de junho de cada ano.
A ONU escolheu como tema "A desertificação e a mudança climática: um desafio mundial", com o qual lembra que os dois problemas "interagem em diversos níveis" e ameaçam a capacidade para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio até 2015.
Devido ao aquecimento global, espera-se que a quantidade de fenômenos meteorológicos extremos, como secas e chuvas intensas, continue aumentando, com um efeito grave em solos já danificados, afirma o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em mensagem divulgada. A tendência "piorará a desertificação e aumentará a prevalência da pobreza, a migração forçada e a vulnerabilidade perante os conflitos nas regiões afetadas", diz Ban.
Todas as agências da ONU e os governos de vários países admitem o retrocesso do desmatamento, das terras cultiváveis e das florestas, assim como a carência de água, problemas que já geraram mais pobreza, o avanço dos desertos e um número cada vez maior de refugiados por causa da fome. Em março, o secretário-executivo da Convenção da ONU Contra a Desertificação, Hama Arba Diallo, afirmou que este processo é um problema cujas conseqüências têm escala planetária.
Além disso, o representante da ONU lembrou a meta mundial de reduzir a pobreza à metade até 2015, um dos Objetivos do Milênio, mas acrescentou que este propósito mal poderá ser cumprido "caso não se tomem medidas para abordar a conservação do principal instrumento de vida que os países em desenvolvimento têm, que é a terra".
Na América Latina, apesar das florestas tropicais úmidas da região, a perda de terras de cultivo e de vegetação afeta 313 milhões de hectares na região e no Caribe (250 milhões na América do Sul e 63 milhões na América Central e no México). Diante deste problema, os países-membros do Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, criaram em março, em conjunto com Bolívia e Chile, uma estratégia que busca uma alternativa econômica para as terras empobrecidas.

CHUVA ÁCIDA
A chuva ácida é caracterizada por um pH abaixo de 4,5. É causada pelo enxofre proveniente das impurezas da queima dos combustíveis fósseis e pelo nitrogênio do ar, que se combinam com o oxigênio para formar dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio. Estes se difundem pela atmosfera e reagem com a água para formar ácido sulfúrico e ácido nítrico, que são solúveis em água. Um pouco de ácido clorídrico também é formado. As chuvas normais têm um pH de aproximadamente 5,6, que é levemente ácido.

Os íons tóxicos liberados devido à chuva ácida constituem a maior ameaça aos seres humanos. O cobre mobilizado foi implicado nas epidemias de diarréia em crianças jovens e acredita-se que existem ligações entre o abastecimento de água contaminado com alumínio e a ocorrência de casos da doença de Alzheimer.


ENERGIA

Dois bilhões de pessoas no planeta ainda vivem sem ter acesso à energia elétrica, dependendo exclusivamente da utilização de combustíveis fósseis. Somente na China, 100 milhões vivem nessa condição. Os 5% mais ricos da população mundial consomem 58% da energia disponível, enquanto os 50% mais pobres, menos de 4%. ÁGUA Um em cada cinco habitantes do planeta não tem acesso à água potável e 40% da população mundial não dispõem de serviços de saneamento básico. Este é o balanço referente a 2006 do Segundo Informe das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos no Mundo. “Lidando com a escassez de água”, tema do Dia Mundial da Água 2007, que se celebra no dia 22 de março, coordenado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).


A escassez de água no mundo é agravada em virtude da desigualdade social e da falta de manejo e usos sustentáveis dos recursos naturais. De acordo com os números apresentados pela ONU - Organização das Nações Unidas - fica claro que controlar o uso da água significa deter poder.

As diferenças registradas entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento chocam e evidenciam que a crise mundial dos recursos hídricos está diretamente ligada às desigualdades sociais.

Em regiões onde a situação de falta d'água já atinge índices críticos de disponibilidade, como nos países do Continente Africano, onde a média de consumo de água por pessoa é de dezenove metros cúbicos/dia, ou de dez a quinze litros/pessoa. Já em Nova York, há um consumo exagerado de água doce tratada e potável, onde um cidadão chega a gastar dois mil litros/dia.
Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água, 21% vai para a indústria e apenas 6% destina-se ao consumo doméstico.

Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial) não têm acesso a água tratada. Um bilhão e 800 milhões de pessoas (43% da população mundial) não contam com serviços adequados de saneamento básico. Diante desses dados, temos a triste constatação de que dez milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças intestinais transmitidas pela água.
Vivemos num mundo em que a água se torna um desafio cada vez maior.

A cada ano, mais 80 milhões de pessoas clamam por seu direito aos recursos hídricos da Terra. Infelizmente, quase todos os 3 bilhões (ou mais) de habitantes que devem ser adicionados à população mundial no próximo meio século nascerão em países que já sofrem de escassez de água.


Disponível em <
http://www.portaldomeioambiente.org.br/cadernos/ecologia-humana.asp>

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