terça-feira, 20 de setembro de 2011

CALENDÁRIO MAIA E O FENOMENO DE 2012

Calendário maia representado artisticamente

O calendário maia é um sistema de calendários e almanaques distintos, usados pela civilização maia da Mesoamérica pré-colombiana, e por algumas comunidades maias modernas dos planaltos da Guatemala. Estes calendários podem ser sincronizados e interligados, suas combinações dando origem a ciclos adicionais mais extensos. Os fundamentos dos calendários maias baseiam-se em um sistema que era de uso comum na região, datando pelo menos do século VI a.C.. Tem muitos aspectos em comum com calendários empregados por outras civilizações mesoamericanas anteriores, como os zapotecas e olmecas, e algumas civilizações suas contemporâneas ou posteriores, como o dos mixtecas e o dos astecas. Apesar de o calendário mesoamericano não ter sido criado pelos maias, as extensões e refinamentos por eles efetuados foram os mais sofisticados. Junto com os dos astecas, os calendários maias são os melhores documentados e compreendidos. Pela tradição da mitologia maia, como está documentado nos registros colonais iucatecas e reconstruído de inscrições do Clássico Tardio e Pós-clássico, a deidade Itzamna é frequentemente creditada como tendo levado o conhecimento do sistema de calendários aos maias ancestrais, junto com a escrita em geral e outros aspectos fundacionais da cultura maia.

Visão Geral

O mais importante destes calendários é aquele com período de 260 dias. Este calendário de 260 dias era prevalente em todas as sociedades mesoamericanas, e é de grande antiguidade (quase certamente o mais velho dos calendários). Ainda está em uso em algumas regiões de Oaxaca, e pelas comunidades maias dos planaltos da Guatemala. A versão maia é conhecida pelos estudiosos como tzolkin, ou Tzolk'in na ortografia revisada da Academia de Lenguas Mayas de Guatemala. O tzolkin é combinado com outro calendário de 365 dias (conhecido como haab, ou haab'), para formar um ciclo sincronizado durando 52 haabs, chamado de roda calendárica. Ciclos menores de 13 dias (a trezena) e 20 dias (a vintena) eram componentes importantes dos ciclos tzolkin e haab, respectivamente.
Uma forma diferente de calendário era usada para manter registros de longos períodos de tempo, e para a inscrição da data de calendário (identificando quando um evento aconteceu em relação a outros). Esta forma, conhecida como calendário de contagem longa mesoamericano ou contagem longa, é baseada no número de dias transcorridos desde um ponto inicial mítico. De acordo com a correlação entre a contagem longa e os calendários ocidentais aceita pela grande maioria dos pesquisadores maias (conhecida como a correlação GMT), este ponto inicial é equivalente ao dia 11 de agosto de 3114 a.C. no calendário gregoriano proléptico, ou 6 de setembro no calendário juliano (-3113 astronômico). A correlação Goodman-Martinez-Thompson foi escolhida por Thompson em 1935 baseado em correlações anteriores de Joseph Goodman em 1905 (11 de agosto), Juan Martínez Hernández em 1926 (12 de agosto), e John Eric Sydney Thompson em 1927 (13 de agosto). Pela sua natureza linear, a contagem longa podia ser estendida para se referir a qualquer data no futuro ou passado distantes. Este calendário envolvia o uso de um sistema de notação posicional, em que cada posição significava um múltiplo cada vez maior do número de dias. O sistema numérico maia era essencialmente vigesimal (ou seja, tinha base numérica 20), e cada unidade de uma dada posição representava 20 vezes a unidade na posição que a precedia. Uma exceção importante foi feita no valor de segunda ordem, que em vez disto representava 18 × 20, ou 360 dias, mais próximo do ano solar do que seriam 20 × 20 = 400 dias. Deve-se contudo notar que os ciclos da contagem longa eram independentes do ano solar. Muitas inscrições da contagem longa maia são suplementadas com uma série lunar, que fornece informações sobre a fase lunar e posição da Lua em um ciclo semi-anual de lunações. Um ciclo de Vênus com 584 dias também era mantido, e registrava as ascensões heliacais de Vênus como estrela da manhã ou da tarde. Muitos eventos neste ciclo eram vistos como sendo astrologicamente inauspiciosos e perniciosos, e ocasionalmente as guerras eram iniciadas de forma a coincidir com estágios deste ciclo. Outros ciclos, combinações e progressões de calendários menos prevalentes ou mal-compreendidos, também eram seguidos. Uma contagem de 819 dias aparece em algumas poucas inscrições. Conjuntos repetitivos de intervalos de 9 e 13 dias associados com diferentes grupos de deidades, animais e outros conceitos significativos também são conhecidos.

Conceito maia de tempo
Com o desenvolvimento do calendário da contagem longa e sua notação posicional (que se acredita herdada de outras culturas mesoamericanas), os maias tinham um sistema elegante no qual os eventos podiam ser registrados de forma linear uns relativamente aos outros, e também com respeito ao próprio calendário ("tempo linear"). Em teoria, este sistema pode ser estendido para delinear qualquer extensão de tempo desejado, simplesmente aumentando o número de marcadores de maior ordem usados (gerando assim uma sequência crescente de múltiplos de dias, cada dia na sequência identificado univocamente por seu número da contagem longa). Na prática, a maioria das inscrições maias da contagem longa limitam-se em registrar somente os primeiros 5 coeficientes neste sistema (uma contagem b'ak'tun), que era mais do que adequado para expressar qualquer data histórica ou atual (20 b'ak'tuns são equivalentes a cerca de 7885 anos solares). Mesmo assim, existem inscrições que apontavam ou implicavam sequências maiores, indicando que os maias compreendiam bem uma concepção linear do tempo (passado-presente-futuro).
Contudo, e em comum com outras sociedades mesoamericanas, a repetição dos vários ciclos calendáricos, os ciclos naturais de fenômenos observáveis, e a recorrência e renovação da imagética de morte-renascimento em suas tradições mitológicas eram influências importantes e ominpresentes nas sociedades maias. Esta visão conceitual, em que a "natureza cíclica" do tempo é destacada, era preeminente, e muitos rituais estavam ligados à conclusão e recorrência dos vários ciclos. Como as configurações particulares do calendário eram novamente repetidas, também o eram as influências "sobrenaturais" a que elas estavam associadas. Desta forma, cada configuração particular do calendário tinha um "caráter" específico, que influenciaria o dia que exibia tal configuração. Divinações poderiam então ser feitas a partir dos augúrios associados com uma certa configuração, uma vez que os eventos em datas futuras seriam sujeitos às mesmas influências conforme as datas correspondentes de ciclos prévios. Eventos e cerimônias eram marcados para coincidir com datas auspiciosas, e evitar as inauspiciosas.[6]
O final de ciclos de calendário significativos ("finais de período"), como um ciclo k'atun, geralmente eram marcados pela ereção e dedicação de monumentos específicos (principalmente inscrições em estelas, mas algumas vezes complexos de pirâmides gêmeas como as de Tikal e Yaxha), comemorando o final, acompanhado por cerimônias dedicatórias.
Uma interpretação cíclica também é notada nos mitos de criação maias, em que o mundo atual e os humanos nele foram precedidos por outros mundos (de um a cinco outros, dependendo de onde vem a tradição) que foram feitos de várias formas pelos deuses, mas subsequentemente destruídos. O mundo atual teria uma existência tênue, requerendo súplicas e ofertas de sacrifícios periódicos para manter o equilíbrio de existência continuada. Temas similares fazem parte dos mitos de criação de outras sociedades mesoamericanas.

Calendário tzolk'in
O tzolk'in (na ortografia maia moderna , também escrito tzolkin) é o nome comumente empregado pelos estudiosos da civilização maia para o Ciclo Sagrado Maia ou calendário de 260 dias. A palavra tzolk'in é um neologismo cunhado na língua maia iucateque, para significar "contagem de dias".[8] Os vários nomes deste calendário usados pelos povos maias pré-colombianos ainda são debatidos pelos estudiosos. O calendário asteca equivalente foi chamado tonalpohualli, na língua náuatle. O calendário tzolk'in combina vinte nomes de dias com os treze números do ciclo trezena para produzir 260 dias únicos. Ele é usado para determinar o momento de eventos religiosos e cerimoniais e para divinação. Cada dia sucessivo é numerado de 1 a 13 e então começa novamente em 1. Além disso, a cada dia é dado um nome uma lista sequencial de 20 nomes de dias:
 
Alguns sistemas começavam a contagem em 1 Imix', seguido por 2 Ik', 3 Ak'b'al, etc. até 13 B'en. Os números de dias da trezena então começa novamente em 1 enquanto a sequência de nomes de dias continua, assim os próximos dias na sequência são 1 Ix, 2 Men, 3 K'ib', 4 Kab'an, 5 Etz'nab', 6 Kawoq, e 7 Ajau. Com todos os vinte nomes de dias usados, estes começam a repetir o ciclo enquanto a sequência numérica continua, assim o próximo dia após 7 Ajaw é 8 Imix'. A repetição completa destes ciclos interconectados de 13 e 20 dias portanto leva 260 dias para se completar (ou seja, para que todas as combinações possíveis de número/nome de dia acontecer uma vez).

Origem do Tzolk'in
A origem exata do Tzolk'in não é conhecida, mas existem várias teorias. Uma teoria é que o calendário vem de operações matemáticas baseadas nos números 13 e 20, que eram números importantes para os maias. Os dois números multiplicados um pelo outro dão 260. Outra teoria é que o período de 260 dias vem da duração da gestação humana. Este número é próximo do número médio de dias entre o primeiro período menstrual perdido e o nascimento, diferente da Regra de Naegele, que é de 40 semanas (280 dias) entre a última menstruação e o nascimento. É postulado que as parteiras teriam desenvolvido originalmente este calendário para prever as datas de nascimento dos bebês. Uma terceira teoria vem do entendimento da astronomia, geografia e paleontologia. O calendário mesoamericano provavelmente se originou com os olmecas,em um assentamento que existia em Izapa, no sudeste de Chiapas, México, antes de 1 200 a.C.. Lá, a uma latitude de cerca de 15ºN, o Sol passa pelo zênite duas vezes por ano, e existem 260 dias entre as passagens no zênite, e gnômons (usados geralmente para a observação do percurso do sol e em particular suas passagens pelo zênite) foram encontrados nesse e noutros lugares. O almanaque sagrado pode muito bem ter sido iniciado em 13 de agosto de 1359 a.C, em Izapa. Vincent H. Malmström, um geógrafo que sugeriu este local e data, apresenta suas razões:
(1) Astronomicamente, é a única latitude na América do Norte onde um intervalo de 260 dias (a duração do "estranho" almanaque sagrado usado na região em tempos pré-colombianos) pode ser medido entre posições verticais do Sol -- um intervalo que começa no dia 13 de agosto -- o dia que os povos da Mesoamérica acreditavam que o mundo presente foi criado;
(2) Historicamente, era o único lugar nesta latitude que era antigo o suficiente para ser o berço do almanaque sagrado, que naquela época (1973) se pensava datar dos séculos IV ou V a.C; e
(3) Geograficamente, era o único lugar sobre o paralelo de latitude apropriado que está em um nicho ecológico tropical de terras baixas onde criaturas como jacarés, macacos e iguanas eram nativos -- todos eles usados como nomes de dias no almanaque sagrado.
Malmström também oferece fortes argumentos contra duas das explicações anteriores. Uma quarta teoria é a de que o calendário é baseado nas colheitas. Do plantio à colheita há aproximadamente 260 dias.

Haab'
O Haab' era o calendário solar maia composto de dezoito meses de vinte dias cada mais um período de cinco dias ("dias sem nome") no fim do ano conhecidos como Wayeb' (ou Uayeb na ortografia do século XVI). Bricker (1982) estimou que o Haab' foi usado pela primeira vez cerca de 550 a.C. com o ponto de início no solstício de inverno. Os nomes dos meses do Haab' são conhecidos atualmente pelos nomes correspondentes em maia iucateque da eras colonial, conforme transcritos por fontes do século XVI (em particular, Diego de Landa e livros como o Chilam Balam de Chumayel). Análises fonêmicas dos nomes de glifos Haab' em inscrições maias pré-colombianas demonstram que os nomes destes períodos de vinte dias variavam consideravelmente de região para região e de período para período, refletindo diferenças na(s) lingua(s) de básica e usos nas eras Clássica e Pós-clássica predatando seus registros por fontes espanholas. Cada dia no calendário Haab' era identificado por um número de dia do mês seguido pelo nome do mês. Os números dos dias começam com um glifo traduzido como "assento de" um nome de mês, que é usualmente atribuído como o dia 0 do mês, apesar de uma minoria o tratar como o dia 20 do mês que precede o mês nomeado. No último caso, o "assento de Pop" é o dia 5 de Wayeb'. Para a maioria, o primeiro dia do ano era 0 Pop (o assentamento de Pop). Ele era seguido de 1 Pop, 2 Pop, até 19 Pop, então 0 Wo, 1 Wo, e assim por diante. Como um calendário para manter registro das estações, o Haab' era um pouco impreciso, já que tratava o ano como tendo exatamente 365 dias, e ignorava o excedente de um quarto de dia (aproximado) no ano tropical real. Isto significa que as estações se moviam com respeito ao calendário por um quarto de dia a cada ano, de forma que os meses do calendário com nomes de estações em particular não mais corresponderiam a estas estações após alguns séculos. O Haab' é equivalente ao ano de 365 dias dos antigos egípcios.

Wayeb'
Os cinco dias sem nome no fim do calendário, chamados Wayeb', eram dias que se acreditavam perigosos. Foster (2002) escreve que "durante o Wayeb' , os portais entre o reino mortal e o submundo se dissolviam. Nenhum limite impedia que as deidades mal-intencionadas causassem desastres". Para afastar os maus espíritos, os maias tinham costumes e rituais que eram praticadas durante o Wayeb' . Por exemplo, as pessoas evitavam sair de casas e lavar ou pentear o cabelo.

Ciclo de Calendário
Nem o sistema Tzolk'in nem o Haab' numeram os anos. A combinação de uma data Tzolk'in e uma data Haab' era suficiente para identificar uma data para a satisfação da maior parte das pessoas, já que uma combinação destas não se repete antes de 52 anos, muito acima da expectativa de vida geral da época. Estes dois calendários eram baseados em 260 e 365 dias respectivamente, o ciclo completo se repete exatamente a cada 52 anos Haab'. Este período era conhecido como um Ciclo de Calendário. O fim do Ciclo de Calendário era um período de tensão e má sorte entre os maias, eles esperavam para ver se os deuses concederiam outro ciclo de 52 anos.

Contagem longa

Detalhe mostrando três colunas de glifos da Estela 1 de La Mojarra do século II d.C.. A coluna da esquerda dá a data de contagem longa 8.5.16.9.9, ou 156 d.C.. As duas colunas da direita são glifos da escrita epiolmeca. Como as datas da roda calendárica só podem distinguir 18 980 dias, equivalentes a cerca de 52 anos solares, o ciclo se repete aproximadamente uma vez em uma vida, e portanto, um método mais refinado para manter datas era necessário para registrar a história de forma mais precisa. Assim, para manter datas sobre períodos mais longos que 52 anos, os mesoamericanos criaram o calendário da contagem longa. O nome maia para dia era k'in. Vinte destes k'ins são conhecidos como um winal ou uinal. Dezoito winals fazem um tun. Vinte tuns são conhecidos como k'atun. Vinte k'atuns fazem um b'ak'tun. O calendário da contagem longa identifica uma data contando o número de dias desde a criação maia, 4 Ahaw, 8 Kumk'u (11 de agosto de 3114 a. C. no calendário gregoriano proléptico ou 6 de setembro no calendário juliano). Mas em vez de usar um esquema de base 10 (decimal), como a numeração ocidental, os dias da contagem longa eram registradas em um esquema de base 20 modificado. Assim, 0.0.0.1.5 é igual a 25, e 0.0.0.2.0 é igual a 40. Como a unidade winal reinicia ao chegar a 18, a contagem longa usa a base 20 consistentemente só se o tun for considerada a unidade primária de medida, não o k'in, com o k'in e winal sendo os números de dias em um tun. A contagem longa 0.0.1.0.0 representa 360 dias, em vez de 400 em uma contagem de base 20 pura.

Tabela de unidades da contagem longa
Dias
Período da contagem longa
Período da contagem longa
Anos solares aproximados
1
= 1 K'in


20
= 20 K'in
= 1 Winal
0.055
360
= 18 Winal
= 1 Tun
1
7,200
= 20 Tun
= 1 K'atun
19.7
144,000
= 20 K'atun
= 1 B'ak'tun
394.3

Existem também quatro ciclos de ordem superior raramente usados: piktun, kalabtun, k'inchiltun, e alautun. Como as datas da contagem longa não são ambíguas, esta estava particularmente bem adaptada para o uso em monumentos. As inscrições monumentais não só incluíam os cinco dígitos da contagem longa, mas também incluíam os dois caracteres tzolk'in seguidos pelos dois caracteres haab'. A interpretação incorreta do calendário mesoamericano de contagem longa forma a base de uma crença do movimento Nova Era, de que um cataclismo aconteceria no dia 21 de dezembro de 2012. 21 de dezembro de 2012 é apenas o último dia do 13º b'a'ktun. Não é o final da contagem longa, pois ainda se seguirão os b'a'ktuns 14º a 20º. Sandra Noble, diretora executiva da organização de pesquisa mesoamericana FAMSI, aponta que "para os antigos maias, era motivo de grande celebração chegar ao fim de um ciclo completo". Considera ainda, que a apresentação de dezembro de 2012 como um evento de fim de mundo ou mudança cósmica como "uma total invenção e uma chance para muita gente ganhar dinheiro".

Ciclo de Vênus
Outro calendário importante para os maias era o ciclo de Vênus. Os maias eram astrônomos hábeis, e podiam calcular o ciclo de Vênus com extrema precisão. Existem seis páginas no Códex de Dresden (um dos códices maias) devotadas ao cálculo preciso da ascensão heliacal de Vênus. Os maias conseguiram atingir tal precisão por observação cuidadosa ao longo de muitos anos. Existem várias teorias sobre porque o ciclo de Vênus era especialmente importante para os maias, incluindo a crença de que estava associado com a guerra e que era usado para adivinhar bons períodos (chamada astrologia eletiva) para coroações e guerras. Os governadores maias planejavam o início das guerras quando Vênus ascendia. Os maias possivelmente também registravam os movimentos de outros planetas, incluindo Marte, Mercúrio, e Júpiter.

Fenômeno 2012

O fenômeno de 2012 compreende um conjunto de crenças e teorias escatológicas de que eventos cataclísmicos ou de transformação ocorrerão em 21 de dezembro de 2012,[1][2][3] data que é considerada o final de um ciclo de 5.125 anos do Calendário de Contagem Longa Mesoamericano. Vários alinhamentos astronômicos e fórmulas numerológicas têm sido relacionadas com esta data. A interpretação da Nova Era sobre essa "transição" postula que, durante este tempo, o planeta e seus habitantes podem sofrer uma transformação positiva física ou espiritual e que 2012 pode marcar o início de uma nova era. Outros sugerem que o ano de 2012 marca a data final do mundo ou o início de uma catástrofe semelhante. Teorias para o fim do mundo incluem a colisão da Terra com um planeta de passagem (muitas vezes referido como "Nibiru") ou com um buraco negro, ou a chegada do próximo máximo solar. Estudiosos de diversas áreas têm rejeitado a idéia de que uma catástrofe ocorrerá em 2012. Os principais estudiosos dos maias afirmam que previsões de morte iminente não são encontradas em qualquer um dos clássicos códices maias e que a ideia de que o calendário de contagem longa "termina" em 2012 deturpa a história maia. Os maias modernos não consideram a data significativa e as fontes clássicas sobre o tema são escassas e contraditórias, sugerindo que houve pouco ou nenhum consenso universal entre eles sobre o que a data pode significar. Adicionalmente, astrônomos e outros cientistas rejeitam as previsões apocalípticas e as classificam como pseudociência, afirmando que os eventos previstos são desmentidos por simples observações astronômicas. A NASA tem comparado os medos em relação ao ano de 2012 com o fenômeno "Bug do milênio" no final da década de 1990, sugerindo que uma adequada análise dos fatos pode impedir temores de um desastre. A ideia de um evento mundial que ocorreria em 2012, baseado em qualquer tipo de interpretação do calendário de contagem longa, é rejeitada e considerada como pseudociência pela comunidade científica internacional.
Dezembro de 2012 marca o fim do atual ciclo b'ak'tun da contagem longa mesoamericana, a qual era usada na América Central antes da chegada dos europeus. Embora a contagem longa tenha sido provavelmente inventada pelos olmecas,[8] tornou-se estritamente relacionada com a civilização maia, cujo período clássico durou entre 250 e 900 d. C..[9] Os maias clássicos eram alfabetizados e seu sistema de escrita encontra-se substancialmente decifrado. A contagem longa define a "data zero" em um ponto do passado, que marcou o fim do mundo anterior e o início do atual, correspondente a 11 ou 13 de agosto de 3114 a. C. no calendário gregoriano, dependendo da forma utilizada. Ao contrário do calendário usado atualmente pelos maias, a contagem longa foi linear, e não conjuntural, e mantida em unidades de tempo baseadas no sistema vigesimal. Por esse meio, 20 dias correspondem a um uinal, 18 uinals (360 dias) a um tun, 20 tuns a um k'atun e 20 k'atuns (144.000 dias) correspondem a um b'ak'tun. Assim, por exemplo, a data maia 8.3.2.10.15 representa 8 b'ak'tuns, 3 k'atuns, 2 tuns, 10 unials e 15 dias desde a data zero. Muitas inscrições maias têm a contagem de mudança para uma ordem mais elevada após 13 b'ak'tuns. Hoje, as correlações mais amplamente aceitas para o final do décimo terceiro b'ak'tun são no calendário ocidental os dias 21 e 23 de dezembro de 2012.

Teoria apocalíptica
Em 1957, o astrônomo Maud Worcester Makemson escreveu que "a realização do Grande Período de 13 b'ak'tuns será da maior importância para os maias." Nove anos depois, Michael D. Coe, mais ambiciosamente, afirmou que o "Armageddon degeneraria todos os povos do mundo desde a sua criação, e que no dia do décimo terceiro e último b'ak'tun o universo seria aniquilado, no dia 24 de dezembro de 2012 (depois revisada para 23 de dezembro de 2012) quando o Grande Ciclo da contagem chega a sua conclusão." A questão é ainda mais complicada por diversas cidades-estados maias empregarem a contagem longa de maneira diferente. Em Palenque, a evidência sugere que os sacerdotes acreditavam que o ciclo terminaria após 20 b'ak'tuns e não 13.

Objeções
As previsões apocalípticas de Coe foram repetidas por outros estudiosos até o início da década de 1990. Entretanto, mais tarde, pesquisadores disseram que, embora o final do 13º b'ak'tun talvez seja um motivo de comemoração, não marca o final do calendário. "Não há nada em qualquer profecia maia, asteca ou da antiga Mesoamérica que sugira que eles profetizaram qualquer tipo de grande ou súbita mudança em 2012", diz o estudioso dos maias Mark Van Stone. "A noção de que um "Grande Ciclo" vai chegar ao fim é uma invenção completamente moderna." Em 1990, os estudiosos maias Linda Schele e David Freidel argumentaram que os maias "não conceberam que isso seja o fim da criação, como muitos sugeriram." Susan Milbrath, curadora de Arte e Arqueologia Latino-Americana no Museu de História Natural da Flórida, declarou: "nós não temos nenhum registro ou conhecimento de que [os maias] pensavam que o mundo chegaria ao fim" em 2012. "Para os antigos maias, isso era uma grande celebração que seria feita até o fim de um ciclo", diz Sandra Noble, diretora executiva da Fundação para o Avanço dos Estudos Mesoamericanos em Crystal River, Flórida, Estados Unidos. A escolha de 21 de dezembro de 2012 como o dia de um evento apocalíptico ou de um momento cósmico de mudança, diz ela, é "uma completa invenção e uma chance de lucro para muitas pessoas." "Haverá um novo ciclo", diz E. Wyllys Andrews V, diretor do Instituto de Pesquisas Mesoamericanas da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, Louisiana. "Nós sabemos que os maias pensavam que houve um antes, o que implica que eles estavam confortáveis com a ideia de um outro depois."

Cultura popular  -  Filme "2012"
Um filme chamado "2012", dirigido por Roland Emmerich e estrelado pelos atores John Cusack, Danny Glover, Chiwetel Ejiofor, Amanda Peet, Thandie Newton, Oliver Platt e Woody Harrelson estreou em 13 de novembro de 2009. Em 12 de novembro de 2008, o estúdio liberou o primeiro trailer de "2012", que mostrava uma megatsunami surgindo ao longo dos Himalaias, entrelaçado com uma mensagem supostamente científica sugerindo que o mundo acabaria em 2012 e que os governos da Terra não estavam preparando a população para o evento. O trailer termina com uma mensagem para os telespectadores descobrirem a "verdade", procurando "2012" no Google. O The Guardian criticou a eficácia do marketing como "profundamente falha" e associou-o com "sites que fazem reivindicações ainda mais espúrias sobre 2012".
O estúdio também lançou um site de marketing viral operado pelo fictício Institute for Human Continuity, onde os cinéfilos poderão solicitar um número de sorteio para ser parte de uma pequena população que seria resgatada da destruição global. O site fictício lista uma colisão com Nibiru, um alinhamento galáctico e um aumento da atividade solar entre os possíveis cenários apocalípticos. David Morrison da NASA recebeu mais de 1000 perguntas de pessoas que achavam que o site era genuíno e condenou-o, dizendo: "Eu mesmo tive casos de adolescentes escrevendo para mim dizendo que eles estavam pensando em suicídio, porque não queriam ver o fim do mundo. Eu acho que mentir na Internet e assustar crianças com o fim de ganhar dinheiro é eticamente errado."

Arqueologia  -  Calendário maia não profetiza fim do mundo, diz antropólogo. Pesquisador exibe peça para desmentir a interpretação de que os maias previram o fim do mundo em dezembro de 2012

René Alberto López/AFP Photo

O fim do mundo foi adiado mais uma vez. José Luis Romero, subdiretor do Instituto Nacional de Antropologia e História do México, apresentou nesta terça-feira (29) em Tabasco, sudeste do México, os restos do calendário maia interpretado erroneamente como profecia de que o mundo vai acabar em dezembro de 2012. Os rumores sobre o apocalipse maia tiveram início quando circulou a informação de que na peça, feita de pedra calcária e achada incompleta, está gravada a data de 23 de dezembro de 2012. A descoberta serviu de mote para o filme 2012, estrelado por John Cusack. Mas Romero garante que a data não tem nada a ver com o fim do mundo. "Do pouco que podemos observar, em nenhum de seus lados está escrito isso", enfatizou. De acordo com ele, a data se refere ao fim de um ciclo de seu calendário e o início de uma nova era. A civilização maia já existia no século 15 a.C. e chegou ao seu auge entre os anos 200 e 900 d.C. Floresceu onde hoje se localizam México, Belize e El Salvador e ocupou um território que chegou a mais de 300 mil quilômetros quadrados. Os maias se notabilizaram pelas grandes cidades, com pirâmides de até 45 metros de altura, palácios suntuosos, praças esportivas e banhos públicos, e pelos vastos conhecimentos de matemática e astronomia. Até 1582, tinham um calendário mais preciso que o europeu. Quando os espanhóis chegaram à América, a civilização já havia entrado em declínio por conta de disputas internas.

Referências
  1. Academia de las Lenguas Mayas de Guatemala. Lenguas Mayas de Guatemala: Documento de referencia para la pronunciación de los nuevos alfabetos oficiales. Guatemala City: Instituto Indigenista Nacional, 1988.. Refer citation in Kettunen and Hemke (2005:5) for details and notes on adoption among the Mayanist community.
  2. Mythological" in the sense that when the Long Count was first devised sometime in the Mid- to Late Preclassic, long after this date; see for e.g. Miller and Taube (1993, p.50).
  3. Finley (2002), Voss (2006, p.138)
  4. Malmström (1997): "Chapter 6: The Long Count: The Astronomical Precision".
  5. Coe (1992), Miller and Taube (2003).
  6. Miller and Taube (1993, pp.68-71).
  7. Coe 1992
  8. Malmström (1997), e http://www.dartmouth.edu/~izapa/izapasite.html
  9. Kettunen and Helmke (2005), pp.47–48
  10. Boot (2002), pp.111–114.
  11. Citado em USA Today (MacDonald 2007).
  12. Esta página foi modificada pela última vez à(s) 16h57min de 7 de julho de 2011.
  13. Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0); pode estar sujeito a condições adicionais. Consulte as condições de uso para mais detalhes.
  14. Sitler 2006, Defesche 2007
  15. G. Jeffrey MacDonald. "Does Maya calendar predict 2012 apocalypse?", USA Today, 27 de março de 2007. Página visitada em 14/10/2009.
  16. For a sample of views see discussion and interviews in New York Times Magazine article (Anastas 2007).
  17. David Webster (25 de setembro de 2007). The Uses and Abuses of the Ancient Maya (pdf). Universidade Estadual da Pensilvânia. Página visitada em 14/10/2009.
  18. Aveni 2009, 32–33, 48–51
  19. 2012: Beginning of the End or Why the World Won't End?". NASA.
  20. Jorge Pérez de Lara and John Justeson (2006). Photographic Documentation of Monuments with Epi-Olmec Script/Imagery. Foundation for the Advancement of Mesoamerican Studies. Página visitada em 2009-11-03.
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Docs disponíveis no Youtube relacionados ao fim do mundo em 2012:































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