quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Projetos imobiliários verdes

Empresas que investem em empreendimentos sustentáveis têm conquistado clientela




Já faz certo tempo que soaram os alertas quanto à diminuição dos recursos naturais, o aquecimento global e os males que a humanidade tem causado ao planeta em que vivemos. Desde então o assunto permeou por entre a mídia e pelo mundo, e a nova onda da sustentabilidade já não é mais tão recente assim. Bancos lançaram talões de cheque com papel reciclado, as eco bags viraram moda e, no caso do mercado imobiliário, as construções sustentáveis conquistaram adeptos e se tornaram um nicho do mercado em que os empresários passaram a investir.
Segundo Marcelo Willer, diretor de novos negócios da Alphaville Urbanismo, especializada em projetos urbanísticos verdes, a empresa vende os seus empreendimentos com um valor no mínimo 30% acima do mercado justamente porque os clientes procuram por projetos sustentáveis. “Virou parte do negócio, o cliente não dissocia sustentabilidade da nossa marca”, comenta ele. Os empreendimentos da Alphaville têm tratamento de esgoto, reuso de água, permeabilidade de solo para evitar alagamento e grande quantidade de área verde, acima do exigido por lei.
Já a Inovatech Engenharia obteve um crescimento de 100% este ano em relação ao seu faturamento bruto investindo em construções verdes.
Segundo Luiz Henrique Ferreira, diretor da empresa, esse crescimento está ocorrendo porque os investidores estão percebendo que a construção sustentável já é uma realidade e representa um grande diferencial para os empreendimentos imobiliários. “As empresas que buscam nossos serviços têm, entre os seus clientes, consumidores que percebem a sustentabilidade como valor agregado”, explica.
Para ele, o mercado consumidor valoriza cada vez mais a sustentabilidade, elegendo produtos que não causam danos ao meio ambiente e preferindo os empreendimentos com soluções construtivas sustentáveis.
Em função disso, a Inovatech, que nasceu como gerenciadora de obras de luxo, resolveu concentrar sua operação na área de certificação ambiental de empreendimentos. “Estamos fazendo uma mudança qualitativa”, explica Ferreira, que tem investido sistematicamente em inovações e na contratação de uma equipe de elevado nível técnico.
Em relação a 2008, hoje triplicamos o número de funcionários na área de consultoria em construções sustentáveis”, comenta Ferreira.

E a classe C e D?
Apesar da onda verde, móveis sustentáveis e empreendimentos imobiliários que prezam os recursos naturais do planeta ainda são mais caros. Um seminário que aconteceu na sede da na sede da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), no último dia 12, discutiu a importância desse mercado chegar às classes C e D.
“As alternativas de sustentabilidade não podem ser aplicadas somente nas residências de alto padrão. As habitações populares necessitam mais e causam um maior impacto direto ao meio ambiente”, afirmou Eduardo Trani, chefe de gabinete da Secretaria da Habitação. Ele explicou ainda que os esforços dos promotores habitacionais devem focar a redução do passivo ambiental, no incremento da sustentabilidade e ciclo de vida urbano, e na relação entre mutuários e a sustentabilidade. “Nenhum projeto terá sucesso se não for realizado um trabalho social muito forte”, disse Trani sobre a necessidade de conscientizar os moradores dos conjuntos. (Bárbara Vieira)
BOX/SUB

Consciência ambiental dos brasileiros ainda pode melhorar
Apesar do mercado imobiliário já ter sentido crescimento na fatia da poplação que consome produtos verdes, estudos apresentados pela TNS Ri e Recherche mostraram que, no Brasil, 8% da população jamais escutou ou muito menos praticou alguma atitude sustentável, e 45% são considerados “ausentes” quanto à causa verde. Os estudos revelaram também que 51% dos brasileiros são considerados “envolvidos”, e apenas 4% “engajados” de fato.
A pesquisa também revelou que a maioria dos envolvidos é atraída pela economia que a sustentabilidade proporciona, e não pela consciência ambiental. Ou seja, o ponto principal ao se limpar a calçada de casa com a vassoura, e não com água, é a diminuição na conta ao final do mês.
Os motivos para ainda não terem aderido à causa verde apontados pelas pessoas que responderam a pesquisa foram falta de opções acessíveis, desconfiança quanto aos programas ecológicos desenvolvidos pelas empresas, ausência de conhecimento, entre outros. Para Gilberto Wiesel, empresário e administrador de empresas pós-graduado em Marketing pela FGV, a solução é engajar os clientes. “É necessária uma comunicação clara sobre os prejuízos causados pela sua empresa e sobre o que é realizado para reduzi-los, além de ações ecológicas que incluam o cliente e torne-o parte atuante de suas ações em prol do meio ambiente, relaciona a sua marca à palavra sustentabilidade, acrescenta credibilidade e agrega valor ao seu negócio”, comenta. (BV)



Custos da sustentabilidade não são repassados ao consumidor


 

O custo para construir um imóvel "verde" pode ser de 3% a 8% maior do que o comum, dependendo da tipologia dele (comercial, residencial, casa ou edifício) e do grau de sustentabilidade.

Porém, de acordo com o diretor de Sustentabilidade do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Hamilton de França Leite Júnior, esse montante não tem sido repassado para o consumidor final, e sim incorporado pelas empresas.

"Vemos que se o consumidor tem duas opções de imóveis com as mesmas características e preço igual, ele escolhe pelo sustentável. Mas ele não está disposto a pagar mais por isso", explica.

Leite Júnior diz que as vantagens de um imóvel "verde" são muitas, como a redução no consumo de água e energia, o que deixa o condomínio até 25% mais em conta. Mas as pessoas ainda não sabem avaliar e quantificar os reais benefícios deles.

Auto-denominação x Selo de sustentabilidade
Entretanto, ele alerta que algumas construtoras afirmam que seus próprios empreendimentos são sustentáveis, sem abrangerem todos os aspectos de um imóvel considerado "verde". Leite Júnior cita quatro quesitos diferentes para análise:

1. Obra: envolve o processo de construção; redução de perda de materiais; preocupação com o entorno da construção; a origem do material escolhido, como a madeira, entre outros.

2. Saúde do ocupante: tinta à base de água nas paredes internas (há produtos que emitem gases tóxicos ao longo da vida útil); a acústica do imóvel, etc.

3. Meio ambiente: redução do consumo de água e energia; diminuição de emissão de poluentes e gases de efeito estufa, entre outros.

4. Conforto: visual, olfativo, de temperatura, etc.

"É preciso avaliar uma série de questões para dizer se o empreendimento é sustentável", pondera Leite Junior. Por isso, ele acredita que o ideal é uma terceira parte dizer isso, como as certificações.

Entre as existentes hoje no Brasil, temos o LEED (do Green Building Council), que é importado dos EUA; o AQUA (da Fundação Vazolini), baseado no francê Haute Qualité Environnementale – HQE; e está chegando um com conceito inglês, chamado Breeam.

Pré-requisito!

Ele acredita que ainda estamos na fase inicial e começando a entender os valores da sustentabilidade na construção civil. Mas o que hoje é uma tendência será uma exigência no futuro.

"Os clientes de imóveis têm de 30 a 40 anos. As gerações mais novas têm mais informações e, quando forem comprar, vão ter a sustentabilidade como pré-requisito e não como diferencial", aponta.

ONU
No início do mês de abril, o Secovi-SP se filiou ao SBCI (Sustainable Buildings and Climate Initiative), uma iniciativa do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente).

De acordo com Leite Junior, o sindicato tem o papel de buscar ações que estão sendo implementadas pelo mundo e disseminar no mercado imobiliário interno. "Estar no SBCI é uma forma de ter contato direto e acesso a profissionais e organizações do mundo inteiro", enfatiza.

O órgão congrega os stakeholders-chave do setor imobiliário (indústria, negócios, governo, autoridades locais, instituições de pesquisa, universidades, especialistas e ONGs) e trata especificamente da sustentabilidade em assuntos relacionados à edificação e ocupação urbana, especialmente no que diz respeito às alterações climáticas, trabalhando para promover as melhores práticas na área.


Fonte: http://www.publicidadeimobiliaria.com/2011/04/imovel-custos-da-sustentabilidade-nao.html

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