domingo, 3 de novembro de 2013

César Coll e Howard Gardner: pensadores da tecnologia e da educação

César Coll: entender o contexto é uma das chaves para a aprendizagem


Na década de 1990, o espanhol César Coll, professor de Psicologia Evolutiva na Faculdade de Psicologia da Universidade de Barcelona e coordenador da reforma educacional espanhola, foi um dos principais consultores do Ministério da Educação (MEC), aqui no Brasil, na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Estes documentos, elaborados de acordo com a disciplina e com o segmento de ensino, oferecem diretrizes para a elaboração dos currículos escolares.

Um dos motivos pelos quais os PCNs não são um currículo “fechado”, mas apenas uma matriz de referência, deve-se à linha de pensamento de Coll e à teoria da Aprendizagem Significativa, criada pelo pensador americano David Ausubel (1918 – 2008). Para Ausubel, aprender significativamente é ampliar o repertório, isto é, dar um novo significado a ideias já existentes em nossa mente, com base em novas informações que recebemos. É como se criássemos novos links mentais, com base no conhecimento que já temos.

Cool segue nesta linha de pensamento. Para o espanhol, não importa o que o professor ensina, mas o que o aluno absorve na aprendizagem. E, para que o estudante aprenda, alguns aspectos devem ser levados em conta – como o ambiente em que ele está inserido e os conhecimentos prévios que já tem.



Howard Gardner, o pai da Teoria das Inteligências Múltiplas


Tentar diferenciar as pessoas e taxá-las de acordo com os níveis de inteligência não é uma ideia recente. Nos anos 400, os orientais inventaram testes que se propunham a medir a inteligência dos indivíduos para separá-los em castas. Mas foi apenas no início do século XX que essa ideia de “diagnosticar inteligências para melhorar o ensino” foi sendo incorporada, principalmente pelo trabalho do psicólogo francês Alfred Binet, que aprimorou os testes orientais e criou os famosos testes de QI (Quociente de Inteligência), que tinham como objetivo inicial identificar os alunos que precisavam de reforços extras nos estudos.

Durante décadas, compreendeu-se que a inteligência humana poderia ser medida de acordo com os resultados deste tipo de teste, mas hoje se sabe que os exames de QI avaliam, basicamente, nossa capacidade de raciocínio lógico. Além disso, nas últimas três décadas, a ideia de inteligência única começou a mudar graças aos conceitos desenvolvidos pelo psicólogo e professor norte-americano Howard Gardner, que lançou a Teoria das Inteligências Múltiplas na obra Frames of Mind, de 1983.

Gardner é autor de cerca de 20 livros sobre a teoria de que o ser humano possui mais de um tipo de inteligência e que, portanto, os processos de aprendizagem também devem ser individualizados. Suas ideias causaram grande impacto nos anos 1980, justamente por apresentar um caminho contrário ao do padrão de avaliação de inteligência mais aceito até então, o QI. “Poucos gênios são gênios em tudo. Einstein era um gênio matemático, Shakespeare era um gênio linguístico. Nós temos todos os potenciais, mas alguns são mais desenvolvidos”, exemplifica Celso Antunes, geógrafo, especialista em inteligência e cognição.



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