No Brasil, 45,7% dos jovens completam
19 anos sem terminar o ensino médio. Verificados em todos os níveis de ensino,
os altos índices de evasão no País são alimentados principalmente pela rede
pública, mas o problema também afeta as escolas privadas. A perda de alunos é o
fator que mais desestrutura o planejamento econômico-financeiro de uma escola.
Além de embutir o risco de a conta de receitas e despesas feita no início do
ano não fechar, o fenômeno tem implicações pedagógicas quando é necessário, por
exemplo, fundir classes esvaziadas.
Mas como evitar a evasão? Se tivesse
apenas uma ficha para apostar na solução no problema, o gestor deveria optar
por tornar as aulas atraentes para os alunos, fazê-los entender como o conteúdo
pode fazer a diferença na vida dele. Isto porque, mesmo em um país com tantos
problemas sociais como o nosso, o maior motivo da evasão é o desinteresse. Veja
abaixo uma lista com 5 causas frequentes da evasão no Brasil:
1. ESTUDAR PARA QUÊ?
Por décadas repetiu-se o discurso de
que o aluno abandonava o ensino médio para trabalhar, mas a falta de interesse
foi o fator mais citado por 40,3% dos jovens que abandonaram os estudos em uma
pesquisa de 2009 da Fundação Getúlio Vargas. Outra pesquisa, divulgada em 2013
pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), complementa a da
FGV. Feita com jovens de baixa renda ela mostrou que vários deles não percebiam
a utilidade de algumas matérias para sua vida prática. Só 27,6% viam física
como uma disciplina útil, índice que crescia ligeiramente para química (28,8%)
e biologia (30,5%).
2. FALTA TECNOLOGIA NA SALA DE AULA
Além dessa queixa, os entrevistados
pelo Cebrap reclamaram do baixo uso da tecnologia em sala de aula. “O
relacionamento do professor com a tecnologia é ruim. Isso se traduz na
dificuldade de incorporar ao cotidiano escolar o uso de novas tecnologias”,
disse o coordenador da pesquisa, Haroldo da Gama Torres ao jornal O Estado de S. Paulo na época da divulgação do trabalho.
A frustração dos estudantes com essa
defasagem dos professores foi resumida na pesquisa por um dos entrevistados, de
17 anos. “A professora de artes queria passar um desenho, um quadro, mas não
sabia como. Eu disse que ela podia postar no Facebook para todo mundo baixar e
fazer a lição. Ela não sabia o que era o Facebook”, contou.
3. O ALUNO PRECISA TRABALHAR
Historicamente mais associada à
evasão que o desinteresse, a necessidade de trabalhar ficou em segundo lugar
como causa do abandono dos estudos no levantamento da FGV – foi citada por
27,1% dos estudantes. Torres, do Cebrap, disse que em São Paulo os jovens que
deixam a escola, por opção própria ou pressão da família, começam a entrar no
mercado de trabalho aos 16 anos. Esse dado coincide com os picos de abandono
nos estudos no ensino médio, que ocorrem na 1ª (7,5%) e na 2ª séries (6,4%),
segundo estatísticas de 2013 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep).
Aqui vale lembrar que a legislação
brasileira considera obrigatório frequentar a escola apenas até o fim do ensino
fundamental. Isso pode incentivar famílias, especialmente as de baixa renda, a
considerar encerrado o ciclo de estudos antes do ensino médio e exigir que os
jovens passem a contribuir com o orçamento doméstico.
4. A REPROVAÇÃO É ALTÍSSIMA
Também é no ensino médio que se
manifesta de forma mais clara outra causa frequente da evasão, a reprovação.
Pelos dados do Inep, na 1ª série desse ciclo nada menos que 16,7% dos
estudantes foram reprovados em todo o País, o que equivale a um exército de 560
mil alunos.
Normalmente a reprovação está ligada
à dificuldade de acompanhar o ritmo da classe, em razão de deficiências de
formação, ou ao já mencionado desinteresse. No ensino médio, quem se atrasa tem
148% menos chances de se formar do que os colegas que estão na idade-série
adequada, de acordo com levantamento estatístico feito pela Unisinos
(Universidade do Vale do Rio dos Sinos) em três escolas de São Leopoldo (RS).
5. MUITAS FAMÍLIAS ENFRENTAM DIFICULDADES
FINANCEIRAS
Especialmente em momentos de crise,
como o atual, as famílias podem ser obrigadas a analisar a possibilidade de
trocar a escola do filho por outra de mensalidade mais barata. Tanto mais se os
pais e o estudante não estiverem totalmente satisfeitos com o serviço prestado.
Os preços cobrados pelas escolas
podem contribuir para essa fuga. Nos últimos cinco anos, houve um aumento de
21% no número de matrículas na rede particular de ensino brasileira, de acordo
com o Ministério da Educação. A questão é que esse crescimento veio acompanhado
de um aumento de custos superior à inflação, pressionando o orçamento familiar.
No período de 12 meses encerrado em
outubro, o custo da educação infantil, por exemplo, subiu 11,95% na medição
nacional do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), quase o dobro da
inflação oficial no período, de 6,75%. No caso do ensino médio, a alta foi um
pouco menor, mas ainda significativa, de 10,47%.
http://info.geekie.com.br/5-causas-para-a-evasao-escolar/
Nenhum comentário:
Postar um comentário