Seguindo
meu raciocínio anteriormente apresentado, mantenho a convicção de que entre
outros elementos de outras áreas, o futebol, o carnaval, a festa junina, o bumba-meu-boi
o samba e outros, identificam nossa cultura e, por isso, são importantes para a
soberania do nosso país. Perder a identidade é perder a soberania.
Insisto,
portanto, que para acabar ou minimizar as mazelas do povo brasileiro, apontadas
e criticadas pela oposição e ignoradas por quem está no poder, é lutar para eliminar
da nossa história e da nossa identidade, a corrupção. Esse elemento sim é maléfico.
Trago
hoje um artigo do Jornalista Luciano Pires* que tem a capacidade de relacionar
futebol, mídias, política e educação. Analisando o artigo, entre outras
considerações, pode-se identificar claramente o problema: corrupção. Ou seja, o
problema não é o futebol, a educação, a política, a mídia. É a corrupção
existente nesses “espaços-meios”.
E
minha hipótese para que a melhoria em todos os processos que envolvem a
sociedade brasileira, é um processo de “Alfabetização política”. Com ou sem
ajuda da mídia. Com ou sem ajuda de professores. Com ou sem ajuda dos
políticos. Porque considero que a ação individual inicial pode levar a uma ação
coletiva. Exemplifico com algumas questões a você que estufa o peito para tudo
criticar, especialmente nas redes sociais onde não há olho no olho:
Quais
seus princípios?
Com
base em que princípios você educa seus filhos?
Quais
suas práticas diárias com sua família, seus vizinhos, seus colegas de trabalho,
seus amigos?
A
atitude de Sueli Ricarelli é bastante positiva, investindo na educação dos
filhos e procurando provocar reflexão em educadores que estão em contato diário
com jovens e em jovens, a geração que pode mudar a situação, porque uma mudança
estrutural como a que o Brasil precisa, é uma questão de geração. Isso fez o PT
quando desenhou o partido, nos anos 80 e hoje é fato: conquistou o poder. Uma
geração!
Alerta,
jovens! O Brasil tem solução. Uma delas é, terminada a Copa do Mundo no Brasil,
dedicar milhares de páginas e horas discutindo o “Plano” dos candidatos à
Presidência da República do Brasil”, as estratégias para melhorar os serviços
públicos mantidos pelos impostos dos cidadãos brasileiros, o esquema para
monitorar os gastos públicos, etc. Ou seja, como bem diz Luciano Pires, “discutirmos
a sucessão como discutimos a Seleção”.
Não
é possível?
Por
que não é possível?
*
O artigo é apresentado aqui com alguns comentários, a fim de provocar a
continuação do debate.
SELEÇÃO OU
SUCESSÃO
Durante a
Copa, somos bombardeados pela mídia falando dos convocados e do esquema de
jogo. Milhares de páginas e horas discutem o plano do treinador, as
estratégias. Afinal, tem coisa mais importante que ganhar a copa?
Tem.
Na campanha
presidencial, assistimos aos discursos, a propaganda televisiva e a lenga-lenga
de sempre de três ou quatro candidatos com chances de assumir a direção do
Esporte Clube Brasil S.A. e o que discutimos?
Qual o
marqueteiro levaria vantagem, qual campanha televisiva seria a mais criativa, os
novos ternos do candidato A, a antipatia do candidato B, o falatório do
candidato C, a mulher do B. discutimos os acessórios. O principal, os programas,
as propostas concretas para dar continuidade ao crescimento do país, ficam em
segundo plano.
Se discutíssemos
a sucessão como discutimos a Seleção, com certeza teríamos mais inteligência,
valor e consequência. Mas parece que a Seleção é mais importante que a
sucessão.
Essa discussão
vazia cria os analfabetos políticos, gente que se orgulha de dizer que não
gosta de política, que não vai votar “nisso que está aí”, votando em branco ou
anulando. Ou simplesmente não votando. Uma espécie de protesto burro, que
coloca na mão de terceiros seu próprio destino.
Tenho notado
no Brasil uma profunda ignorância sobre o que vem a ser política. Como faz com
todos os problemas complexos, inclusive com o esquema tático da Seleção, o
brasileiro simplifica. Reduz política a troca de favores. A conchavos, a coisa
de gente desonesta disposta a tirar vantagens pessoais...
E tudo passa a
ser “sempre assim...” e vira piada. E quem vota sem analisar propostas, apenas
interessados em benefícios imediatos ou no discurso “bonito” dos candidatos, é
o que? Semianalfabeto político!
Pois tenho uma
má notícia. Nosso destino está nas mãos de alguns milhões de semianalfabetos
políticos! Alguém duvida?
Essa constatação
me leva a uma súplica: que os meios de comunicação de massa que hoje discutem o
acessório, iniciem um processo de alfabetização política. Ainda há tempo.
Em vez de falar
da barba aparada do candidato A, falar de suas propostas. Em vez de falar do
primo do candidato B, falar de sua receita para o Brasil voltar a crescer. Que tal
analisar de forma objetiva, e inteligível para a população, os planos dos
próximos candidatos? Explicar o que existe de bom e o que é lenga-lenga? Dizer por
quais razões não dá para praticar uma ruptura ou manter um modelo atual? Avaliar
o currículo de cada candidato e suas possibilidades de cumprir as promessas? Avaliar
quem são os prováveis ministros de cada candidato, quais suas ideias?
Da mesma forma
como fazemos com a Seleção
Essa comparação,
se repetidamente feita, com linguagem simples e didática, prestará ao Brasil um
serviço maior que os milhares de minutos e páginas gastos diariamente com
superficialidades.
Quando a mídia
de massa começar a tratar seus leitores e espectadores como algo mais que
analfabetos políticos, começaremos a mudar este País. E talvez ganhemos algo
mais importante que a Copa.
Este texto faz
parte do meu livro “Brasileiros Pocotó”, foi escrito 12 anos atrás, durante a
Copa do Mundo de 2002.
Luciano Pires
COMENTÁRIOS
Querer que a mídia de massa ajude a
politizar a população é brincadeira. Quer meio mais comprado que esse? Desisti
de assistir TV há tempos!! Leio seus artigos porque valem a pena e muitas vezes
encaminho o link para a escola de minhas filhas, para gerar alguma discussão
com os jovens em formação. Gostaria muito que sua ideia frutificasse nos meios
de comunicação de massa, mas sou totalmente descrente ... prefiro investir na
educação para termos cidadãos mais críticos no futuro e quem sabe conseguirmos
melhorar até a programação apresentada por esses meios ( é muito triste e
decadente). Abraços, Sueli Ricarelli
A ALGUM TEMPO ATRÁS, COMENTEI COM
AMIGOS QUE UMA BOA SAÍDA PARA DISCUTIRMOS POLITICA SERIA COM "ENSINANDO A
VOTAR". a ideia é a seguinte, grupos de amigos fazendo reuniões com
conhecidos, tipo essas de venda em grupo, discutindo e ensinando como ver o
candidato, como analisar seus feitos, como buscar informações na internet,
enfim como achar a sua excelência, " o candidato". Mobilizar
entidades de classe, grupos e ongs, para com isso elucidar o maior numero de
pessoas. Ainda temos chances..... não podemos perder as esperanças. Eliel Bianchi
Eis uma carta que enviei a uma professora
que defendia fanaticamente a copa:
1-
Futebol que devia ser apenas um
esporte de laser e diversão, se tornou para muitos um objetivo de vida e objeto
de alienação e fanatismo criminoso. Além de um NEGÓCIO sujo que gera bilhões
aos chefões da máfia FIFA.
2-
Futebol é o meio mais fácil de
ANESTESIAR o sofrimento dos mais pobres, que passam a olhar um jogo como uma
catarse de todos os males de suas vidas.
3-
Futebol é um esporte extremamente
machista. Deu pena, para dizer o mínimo, ver uma excelente jogadora brasileira
desprezada por quase 100% da torcida, fazendo propaganda para que os
brasileiros curtam a copa masculina. (minha namorada tentou ser jogadora por
muitos anos, mas sem NENHUM apoio ela teve que desistir).
4-
A alegria ingênua que o futebol
trazia está sendo substituída por agressividade brutal e atualmente, por
um sentimento de que estamos sendo manipulados: NÃO TEM PÃO, DÁ-LHE CIRCO! E
que circo caro este! Cada dia mais caro e vazio.
5-
As crianças mais pobres perdem muitos
anos sonhando em serem jogadoras. Uma desgraça para muitos pais que vêm a
escola ser desprezada como uma coisa inútil que eles só abraçarão quando “tudo
estiver perdido” em suas “carreiras de jogadores”.
6-
Muitos pais de família (e até mães)
deixam de comprar o essencial para seus filhos para conseguirem comprar um
ingresso para um maldito jogo.
7-
O fanatismo é incentivado como uma
coisa boa, como amor ao time, quando o que vemos hoje é uma rivalidade selvagem
e assassina. Fanatismo NUNCA foi positivo para nada e nunca será. Mas os times
se aproveitam dessa fraqueza humana para sobreviverem.
8-
Vemos jogadores tratados como
verdadeiras preciosidades. Gente tosca que mal sabe se expressar, mas vale
muito, muito mais que um médico, um educador, e até uma mãe ou pai. (um chefe
de uma quadrilha de torcedores chegou a dizer que sentiu mais tristeza quando
seu time foi rebaixado do que com a morte de sua mãe, depois disse que se
arrependeu, mas já era tarde).
Eu e meus amigos temos muitos argumentos mais, porém, fico nestes porque
sei que devo estar “pregando no deserto” porque a senhora é fanática e cega. Mauro Andrade.
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