Foto:
Luis Dourado/Editora Globo
Por H. D.
MABUSE
Em http://revistagalileu.globo.com
Das
várias mudanças tecnológicas que se consolidaram no século 20 — rádio, cinema,
televisão… —, os computadores e a internet trouxeram uma quebra de paradigma
essencial: pela primeira vez, uma ferramenta chegou não apenas para dizer o que
as pessoas podem fazer, mas também com instruções para sua própria criação e
com a possibilidade de constante reprogramação.
Dentro
desse novo contexto, temos um número cada vez maior de relacionamentos mediados
por software. Trato das situações explícitas, a exemplo das redes sociais, até
as menos óbvias, como quando atravessamos a rua no semáforo. Diante dessa
realidade, autores como o teórico de comunicação americano Douglas Rushkoff
acreditam que as tecnologias digitais darão forma ao mundo com e sem nossa
cooperação explícita. Como ele disse no título do seu livro, a questão é:
“programe ou seja programado”.
O
objetivo da escola é dar ao estudante os instrumentos possíveis para o seu
pleno desenvolvimento como agente ativo na sociedade. Se as instituições de
ensino assumirem isso como regra e notarem o desenvolvimento do mundo atual,
fica clara a vantagem de colocar a programação como parte do currículo escolar.
É importante que as escolas ensinem a escrita de códigos.
São eles que criam as estruturas invisíveis do mundo atual.
Foto: Nik Neves/Editora Globo
Para
entender além da imediatista — e superficial — preparação para o mercado de
trabalho, é fundamental que as chamadas aulas de informática façam que o aluno
perceba a importância dos códigos. São eles que criam as estruturas invisíveis
do mundo contemporâneo. Os novos estudantes precisam ter essa percepção. Só
assim eles terão o poder de escrever sua própria versão da realidade — e vê-la
nos vários dispositivos utilizados no dia a dia.
Mas é
importante ressaltar: para que isso aconteça, não basta apenas o ensino de
programação e de escrita de código. Precisamos de novos arranjos sociais.
Precisamos, com urgência, hackear a escola!
É
completamente possível se levarmos em consideração iniciativas bem-sucedidas no
Brasil, como o projeto N.A.V.E (Núcleo Avançado em Educação) que, numa parceria
entre o Instituto Oi Futuro e o C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas
Avançados do Recife), vem ensinando programação por meio da criação de jogos em
duas escolas públicas no Recife e Rio de Janeiro. Não à toa, todas possuem alta
taxa de aprovação do Enem.
Estudantes
que se divertem na escola aprendem mais e melhor. E com certeza, depois da
universidade, escreverão suas realidades e de seus pares pelo mundo.
H. D.
MABUSE é programador pernambucano. Ele
é designer-chefe do C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do
Recife)
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